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GETÚLIO 3 (1945-1954)

Da volta pela consagração popular ao suicídio

"Entrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada", lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder.


Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos. Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados à União Democrática Nacional (UDN) e ao Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira - que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy - tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).


Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro, num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu, no entanto, sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas-relatórios. Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48, Getúlio, sempre estimulado pela filha, deu a entender, em declarações à imprensa, que poderia concorrer ao primeiro posto da República.


O movimento queremista, que jamais havia se apagado, explodiu em todo o país, exigindo a candidatura do senador e "pai dos pobres" à presidência. Getúlio apontava sua imensa popularidade contra o projeto liberal da UDN, que com a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes prometia radicalizar o ciclo de carestia iniciado por Dutra. O retorno triunfal ao Catete, com a esmagadora votação obtida nas eleições de outubro de 1950, deu início a um dos períodos mais conturbados da política brasileira.


Getúlio 3 (1945-1954)
Páginas: 464
Formato: 16.00 X 23.00 cm
Peso: 0.645 kg
Acabamento: Livro brochura
Lançamento: 04/08/2014
ISBN: 9788535924701
Selo: Companhia das Letras

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